Não raro se vê, ao final das matérias jornalísticas, um famigerado “outro lado”. E o que é isso? Trata-se de uma falsa imagem de isenção. Com efeito, quando se diz “outro lado”, pressupõe-se que haja um lado certo, e que se dá espaço para o “outro lado”. E, na maioria das vezes, o “outro lado” é procurado quando a reportagem já está prontinha. Ou seja, é uma hipocrisia que deveria ser extirpada dos veículos de comunicação. Feito o nariz-de-cera, vamos para a próxima nota.
Guia de como assassinar reputações
Pedimos especial atenção do leitor. Em maio de 2018, reportagens, com ares de sensacionalismo, diziam que o respeitado advogado Roberto Caldas estava sendo acusado de violência contra sua mulher.
A acusação, como se dá na maioria dos casos, era feita pela esposa. Até aí, by the book. No entanto, como prova das agressões, o que ela trazia eram áudios. Áudios, vejam bem, gravados por ela. Tais áudios, a bem da verdade, provavam que ele havia sido ríspido com a mulher – numa relação amorosa já extinta -, mas não se viam, melhor dizendo, não se ouviam agressões físicas.
Ademais, como é bem de ver, ela gravou. Ou seja, sabia que estava sendo gravada, de modo que controlava o tom da conversa por parte dela.
Enfim, são questões que bastava um pingo de sensibilidade para não comprar gato por lebre. Mas não, o que faz o veículo de imprensa?
Dá ares de notícia espetacular e crucifica o advogado.
Como se sai de um enredo desse?
Ah, leitores, há três anos o advogado vem, pelos meios corretos, peregrinando com investigações e provas mostrando que as coisas não aconteceram da forma como dito.
Recentemente, o delegado da 1ª delegacia de polícia do DF indiciou a ex-esposa e duas funcionárias por denunciação caluniosa. Ou seja, de acordo com as investigações, tudo teria sido uma fraude.
Enfim, como se vê, quando imaginávamos que casos como da Escola Base já não mais existiriam, surge agora o caso Roberto Caldas para mostrar que a caneta do jornalista pode ser, quando mal usada, uma arma letal. Neste caso, assassinou reputações.
Fonte
Há outro dado importante na história envolvendo o advogado Roberto Caldas. A fonte da notícia, que procurou a reportagem, é uma pessoa que não merecia ouvidos. A história foi, literalmente, “plantada”. Mas não é a primeira vez que essa pessoa faz esse tipo de coisas. O histórico é longo. E o modus operandi é o mesmo. Em breve daremos mais detalhes.
Em Migalhas
De nossa parte, ainda no caso acima, o que fizemos na época foi noticiar que o veículo trazia o caso, mas sem incluir os detalhes. E mais, deixávamos claro que são questões que não deveriam merecer publicidade. Ponto final. Não trouxemos mais nenhuma linha, mantendo a coerência editorial. De modo que, aqui não se comete esse tipo de barrigada.
MIGALHAS nº 5.168